“Eu sou igual a um pelicano no sertão e como uma coruja nas ruínas” Salmo 102:06
Nos Salmos encontramos a nossa humanidade. Assim como em alguns deles ouvimos falar de mistérios, em outros, como o 102, encontramos a mais clara expressão das perplexidades e angústias que experimentamos durante a vida.
Um pelicano no deserto e uma coruja sozinha num lugar destruído. O pelicano é uma ave aquática, dá para entender a perplexidade da coisa. E a coruja parece nos indicar alguém que observa a partir de um mundo em ruínas, como dizem algumas versões.
Ele fala de solidão, mas não apenas o estar sozinho, é também a solidão de sentir-se sozinho. Esse é o lamento de um homem que olha para sua terra destruída, e olha também para dentro de si.
Ele aguarda em silêncio, sabe que (v. 12 e 13) nada disso é permanente. Ele olha para um futuro em que Deus atenderá a oração do desamparado (v. 17).
O homem olha para si, e há desolação na sua alma. Mas ele olha também para a sua Terra, e a desolação é assombrosa!
Quantos não estão como esse salmista hoje? Na solidão pessoal, e com um gemido pela Terra que vai sendo devastada por mãos ímpias?
Somos isolados nas nossas dores, solitários, pois ninguém mais pode experimentar o que experimentamos. E somos unidos com nosso povo nas coisas que afligem nossa terra. Tais são as dimensões psicológica e social dos seres humanos.
Mas Deus é o Deus da História! E é o Deus que sabe como me sinto, pois não apenas contempla o ir e vir das coisas, Ele tomou sobre si a minha humanidade (e iniquidades).
Deus não olha lá de cima, distante, o sofrimento humano. Ele está ao lado dos que choram e promete que toda lágrima enxugará!
O salmista esperava que seus descendentes vissem a salvação sobre sua Terra e seu povo. Nós temos a certeza de que veremos com nossos olhos e n'Ele viveremos, ainda quando todas as Terras não passarem de um ponto na longa história da Eternidade.
Ele não é só o Deus que te contempla, ele é o Deus que está andando com você nesse deserto!
Voemos.
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