Caniço Pensante

Essa foi um bela metáfora criada por Blaise Pascal para expressar a fragilidade e a grandeza humanas. A expressão se encontra no livro "Pensamentos" que é uma compilação de notas e apontamentos do filósofo publicados postumamente. Muito conhecido pela frase (fora do contexto obviamente) "O coração tem razões que a própria razão desconhece". Pascal era um pensador "polivalente", produziu muita coisa no campo da matemática e da filosofia, sendo inclusive inventor de uma "máquina de calcular",mas foi na religião que ele encontrou sua verdadeira vocação. O Pascal dos "Pensamentos" é um homem que, após a condenação do Jansenismo pelo Papa Alexandre VI, troca a militância religiosa e apologética pelo recolhimento. Nesse recolhimento ele medita sobre a condição humana, sobre a miséria e a grandeza humanas.

"O homem não passa de um caniço, o mais fraco da natureza, mas é um caniço pensante. Não é preciso que o universo inteiro se arme para esmagá-lo: um vapor, uma gota de água bastam para matá-lo. Mas, mesmo que o universo o esmagasse, o homem seria ainda mais nobre do que quem o mata, porque sabe que morre e a vantagem que o universo tem sobre ele; o universo desconhece tudo isso. Toda a nossa dignidade consiste, pois, no pensamento. Daí que é preciso nos elevarmos, e não do espaço e da duração, que não podemos preencher.Trabalhemos, pois, para bem pensar; eis o princípio da moral. Não é no espaço que devo buscar minha dignidade, mas na ordenação de meu pensamento. Não terei mais, possuindo terras; pelo espaço, o universo me abarca e traga como um ponto; pelo pensamento, eu o abarco".

( Pensamentos, Coleção Os Pensadores, Abriu Cultural, 1988, Artigo VI; 347, 348)