domingo, 18 de maio de 2008

O menino que pensava ser o “Tarzan” ou o “Jim das Selvas”

Outro texto do meu amigo Ângelo Matiero, uma bela cronica poética:


Ele, o herói, tinha, feitos por ele mesmo, um escudo de papelão e uma lança pronta a ser lançada contra os inimigos imaginários. Normalmente acertava-os quando a lança fincava no barranco.
Descalço, sem camisa corria e pulava. Passava sob as árvores da selva, no quintal, cheia de feras bravias, os cachorros e os gatos, e pássaros da era pré-histórica talvez.
Os alimentos para sua sobrevivência eram saudáveis e abundantes: ameixas, goiabas, gabirovas, araçás, pitangas ou pêssegos, dependia da estação.
O sol não conseguia mantê-lo trancado em sua caverna, assistindo aos desenhos animados da TV, então, num salto impetuoso de um brado de guerreiro valente, rompia porta a fora num ambiente hostil, que criava no quintal: o gramado uma vasta savana africana, o barranco de frente a sua casa uma imensa região montanhosa e desértica, de difícil transposição. Grandes saltos e escaladas exigiam do corpo hábil e musculoso do audaz guerreiro da justiça.
Além da lança, havia também um perigoso facão preso em seu cinto. A lança um cabo de vassoura afiado na ponta como um lápis, o facão, recortado de um contorno da faca de cozinha da mãe, feito na tabuinha de caixa de uva e preso no elástico do calção.
O capítulo de “A Epopéia de um Bravo” acabava de repente, como acaba um sonho de quem está dormindo. O motivo geralmente, o final da tarde, hora de se recolher. Mas, no outro dia, a brincadeira seguiria seu curso em um outro episódio, se não estivesse chovendo é claro.

(Matiero o Poeta, maio/2008)

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