O dízimo hoje em dia se tornou cavalo de batalha de muitos grupos evangélicos, ele se tornou uma das principais doutrinas defendidas pelas igrejas neo-pentecostais, ou seja, dos adeptos da teologia da prosperidade, corrente evangélica americana que, entre outras coisas, ensina a plena prosperidade na terra como distintivo do verdadeiro cristão. Essa prosperidade é alcançada mediante atos de fé exemplificados, principalmente, em doações de caráter financeiro. Nesse sentido o dízimo perde sua característica principal e passa a ser visto como um tipo de “sacrifício” que tem o poder de mover a vontade divina.
Essa interpretação é fortalecida pela leitura descontextualizada do Livro de Malaquias, principalmente o capítulo 3. É verdade que essa interpretação não nasceu com os neo pentecostais, mas recebeu, por influência deles, um forte estímulo que teve efeitos, inclusive, sobre igrejas fora desta linha teológica.
O Dízimo na LEI:
Na Lei havia três tipos de dízimos:
O primeiro dízimo só é válido na TERRA DE ISRAEL, o segundo apenas durante a existência do SANTUÁRIO, mas o terceiro é perpétuo
Primeiro Dízimo
Porque os dízimos dos filhos de Israel, que oferecerem ao Senhor em oferta alçada, tenho dado por herança aos levitas; porquanto eu lhes disse: No meio dos filhos de Israel, nenhuma herança herdarão. Números 18:24.
Era a décima parte de TODA a produção e devia ser dado aos levitas.
Segundo Dízimo
Certamente darás os dízimos de toda a novidade da tua semente, que cada ano se recolher do campo. E, perante o Senhor, teu Deus, no lugar que escolher para ali fazer habitar o seu nome, comerás os dízimos do teu grão, do teu mosto e do teu azeite, e os primogênitos das tuas vacas e das tuas ovelhas: para que aprendas a temer ao Senhor, teu Deus, todos os dias. E, quando o caminho te for tão comprido que os não possas levar, por estar longe de ti o lugar que escolher o Senhor, teu Deus, para ali pôr o seu nome, quando o Senhor, teu Deus, te tiver abençoado,Então vende-os, e ata o dinheiro na tua mão, e vai ao lugar que escolher o Senhor, teu Deus; E aquele dinheiro darás por tudo o que deseja a tua alma, por vacas, e por ovelhas, e por vinho, e por bebida forte, e por tudo o que te pedir a tua alma: come-o ali, perante o Senhor, teu Deus, e alegra-te, tu e a tua casa. Deuteronômio 14:22-26.
Esse dízimo deveria ser comido pelo proprietário em Jerusalém, se a distância fosse grande ele poderia vender e com o dinheiro comprar outros bens na cidade.
Dízimo do Pobre
Ao fim de três anos tirarás todos os dízimos da tua novidade, no mesmo ano, e os recolherás nas tuas portas: Então virá o levita (pois nem parte nem herança tem contigo), e o estrangeiro, e o órfão, e a viúva, que estão dentro das tuas portas, e comerão, e fartar-se-ão: para que o Senhor, teu Deus, te abençoe em toda a obra das tuas mãos, que fizeres. Deuteronômio 14:28-29.
Esse dízimo substituía o segundo dízimo no terceiro e sexto anos no ciclo de sete anos que culminava no descanso sabático da terra.
Até aqui vemos que os dízimos tinham três dimensões principais, do ponto de vista do ofertante:
1-O sustento dos levitas ( poderíamos aplicar como "sustento do obreiros);
2- O bem do ofertante (ou seja, a estrutura para nosso bem-estar);
3- O Apoio aos pobres (aqui é onde a igreja mais falha, na questão social).
Certamente temos um pouco a aprender com isso.
Há mais um dízimo, ou melhor, um desdobramento dele:Dízimo dos Dízimos ou A Oferta de Elevação:
Também falarás aos levitas, e dir-lhes-ás: Quando receberdes os dízimos dos filhos de Israel, que eu deles vos tenho dado em vossa herança, deles oferecereis uma oferta alçada ao Senhor; os dízimos dos dízimos. Números 18:26.
Era a décima parte dos dízimos que os levitas recebiam, eles também tinham que dizimar. (Um princípio que poderia ser adotado entre sedes e congregações).
O Dízimo nos tempos da Lei não era em dinheiro, mas em produtos agropecuários.Como nosso produto hoje é o trabalho entende-se porque a oferta em dinheiro, ora, destituídos dos meios de produção podemos apenas vender nossa força física.
Algumas pessoas alegam a atualidade dos dízimo levíticos pelo que está escrito em Mateus 23:23:
Ai de vós, escribas e fariseus, hipócritas! pois que dizimais a hortelã, o endro e o cominho, e desprezais o mais importante da lei, o juízo, a misericórdia e a fé; deveis, porém, fazer estas coisas, e não omitir aquelas.
Comparemos Mateus 23:23 com esse versículo:
Mas, vindo a plenitude dos tempos, Deus enviou seu Filho, nascido de mulher, nascido sob a lei, Para remir os que estavam debaixo da lei, a fim de recebermos a adoção de filhos. Gálatas 4:4-5
Pensemos que nesse texto ainda estamos em plena vigência da lei mosaica, ou seja, o sacrifício que, em tese, nos desobrigaria da lei ainda não havia sido executado, Jesus, como bom judeu que era, guardava a lei. Além do mais, aquelas coisas necessárias ao dízimo ainda existiam: O povo de Israel na terra de Israel, o TEMPLO, Os sacerdotes e levitas. O que Jesus está dizendo aos "hipócritas"? Que eles guardavam os aspectos cerimoniais da lei até nas mínimas coisas, mas ignoravam aqueles elementos morais mais elevados. Estranho seria se Ele, na vigência da Lei, desobrigasse a sua guarda.
Como é hoje?
Alguns líderes CONSTRANGEM as pessoas a darem o dízimo usando Malaquias como terrorista, se darem Deus lhes dará mais ainda, se não derem Ele os amaldiçoará com o DEVORADOR. O dinheiro lhes sumirá das contas, gastarão mais em farmácia e serão considerados como LADRÕES, ora bem sabemos que:
Não erreis: nem os devassos, nem os idólatras, nem os adúlteros, nem os efeminados, nem os sodomitas, nem os ladrões, nem os avarentos, nem os bêbados, nem os maldizentes, nem os roubadores, herdarão o reino de Deus.1Co 6:10.
Por esse texto, se aplicado literalmente, teríamos a doutrina absurda de que a salvação depende de ofertas financeiras.
Malaquias 3
Vejamos mais de perto essa questão.
Já expomos anteriormente que os dízimos desse grupo são de três tipos:
-O primeiro dízimo, que era a décima parte de toda a produção e era dado aos levitas (Nm 18:24);
-O segundo dízimo: deveria ser consumido pelo fiel em Jerusalém (Dt 14:22-26)
-o Dízimo do pobre: era separado no terceiro e no sexto anos e dados aos pobres, aos levitas, ao estrangeiro, à viúva e ao órfão.
O primeiro era válido apenas na terra de Israel, o segundo apenas durante a existência do templo e o terceiro por todo o tempo na vigência da lei.
Pelo que vemos acima os dízimos não eram maus, eram sim parte de uma doutrina muito especial pois contemplava o serviço dos obreiros, o bem estar da pessoa e o cuidado social com os marginalizados, com os excluídos, portanto era um mandamento SANTO.
Entretanto todo mandamento da TORÁ passou pela prova da fidelidade, algo bom que acaba sendo uma razão de mal, e isso pelo PECADO humano, logo o que era bom acaba se tornando uma MALDIÇÃO. Esse pensamento parece estranho, mas encontra ecos no Novo Testamento:
Porque bem sabemos que a lei é espiritual; mas eu sou carnal, vendido sob o pecado Romanos 7:14
Não vou me estender nesse assunto, mas convido os interessados a ler Romanos 7 para entender isso, o próprio Paulo explica essa aparente perplexidade pelo bom gerando o mal em função do pecado.
A lei tinha em vista a santidade do povo, mas eles não a alcançaram por esse meio.Como o povo de Israel falhou no cumprimento à Lei instalou-se o momento do pecado em Malaquias 3.Esse dízimo não é o do Novo Testamento pelas razões que já expliquei, ou seja, porque se aplicado a nós gera uma contradição irreconciliável com os ensinos do cristianismo.
Vejamos porquê:
Antes de tudo devemos saber que não estamos lançando o Antigo Testamento na lixeira, ele não foi anulado pela graça:
Porque tudo o que dantes foi escrito, para o nosso ensino foi escrito, para que, pela paciência e consolação das Escrituras, tenhamos esperança. Romanos 15:4
E:
Toda a Escritura, divinamente inspirada, é proveitosa para ensinar, para redarguir, para corrigir, para instruir em justiça; Para que o homem de Deus seja perfeito, e perfeitamente instruído para toda a boa obra. 2 Timóteo 3:16-17
Obviamente TODA a Escritura é inspirada e espiritualmente relevante para nós hoje, mas perceba o seguinte no exemplo de uso da Lei por Paulo:
Digo eu isto segundo os homens? Ou não diz a lei, também, o mesmo?Porque, na lei de Moisés, está escrito: Não atarás a boca ao boi que trilha o grão. Porventura tem Deus cuidado dos bois? Ou não o diz certamente, por nós? Certamente que por nós está escrito, porque o que lavra deve lavrar com esperança, e o que debulha deve debulhar com esperança de ser participante. Se nós vos semeamos as coisas espirituais, será muito que de vós recolhamos as carnais? 1Coríntios 9:8-11.
Será que Paulo está aplicando literalmente o dispositivo de Deuteronômio 25:4? É de bois que Paulo está falando ou Moisés está falando de obreiros? Perceba irmão que Paulo retira um princípio espiritual do mandamento. É exatamente o contrário do que alguns estão fazendo, ou seja, aplicar LITERALMENTE o dízimo da LEI na Nova Aliança fazendo dele uma LEI cristã cuja desobediência têm consequências eternas. Há mandamentos da LEI que são valores atemporais e foram transcritos diretamente pelo Novo testamento, outros forma anulados e alguns receberam uma interpretação espiritualizada.
Vejamos o texto de Malaquias 3: 7 a 9 passo o passo:
Desde os dias dos vossos pais vos desviastes dos meus estatutos, e não os guardastes: tornai vós para mim, e eu tornarei para vós, diz o Senhor dos Exércitos; mas vós dizeis: Em que havemos de tornar? Malaquias 3: 7
Essa mensagem é para os desviados, aqueles que não cumpriam os mandamentos.
Roubará o homem a Deus? todavia vós me roubais, e dizeis: Em que te roubamos? nos dízimos e nas ofertas alçadas. v.8
Ou seja, por esse princípio quem não dá o dízimo é ladrão, compare:
Não erreis: nem os devassos, nem os idólatras, nem os adúlteros, nem os efeminados, nem os sodomitas, nem os ladrões, nem os avarentos, nem os bêbados, nem os maldizentes, nem os roubadores, herdarão o reino de Deus. 1Coríntios 6:10
Perceba o pensamento por trás disso:
TESE
Quem não dizima é ladrão.
ANTÍTESE-
O ladrão não herda o reino de Deus (1 Co 6:10);
SÍNTESE-
O não dizimista não herda o Reino de Deus.
Um absurdo, de acordo com o evangelho.
Com maldição sois amaldiçoados, porque me roubais a mim, vós, toda a nação Malaquias 3:9
Compare:
Todos aqueles, pois, que são das obras da lei, estão debaixo da maldição; porque está escrito: Maldito todo aquele que não permanecer em todas as coisas que estão escritas no livro da lei, para fazê-las. Gálatas 3:10
Cristo nos resgatou da maldição da lei, fazendo-se maldição por nós; porque está escrito: Maldito todo aquele que for pendurado no madeiro; Para que a bênção de Abraão chegasse aos gentios, por Jesus Cristo, e para que, pela fé, nós recebamos a promessa do Espírito. Gálatas 3:13-14.
Leiamos de novo o "preâmbulo" de Malaquias 3:10 no verso 9:
Com maldição sois amaldiçoados, porque me roubais a mim, vós, toda a nação.
Existe algo em oposição entre a benção da lei e a benção de Abraão, por isso negaremos o valor da Lei? Não, mas procuraremos comparar "coisas espirituais com coisas espirituais" (1 Co 2:13).Além do mais, em que sentido se eu deixar de dar o dízimo toda a minha nação será amaldiçoada? Será que a fidelidade de alguns não será suficiente para a bênção de todos? Então todos devemos deixar de dar o dízimo, pois estaremos amaldiçoados de qualquer forma. Logo, todas as bençãos dos versículos 10,11 e 12 estão longe de nós.
Ora, estamos interpretando algo coletivo, temporal e legal como se fosse individual, atemporal e da graça.
Pela razão acima exposta o Dízimo pregado em cima de Malaquias não pode estar correto e por esta mesma razão eu o comparo às indulgências. As indulgências foram um dispositivo católico criado para arrecadar dinheiro para a construção da Basílica de São Pedro em Roma. Os pregadores de indulgências, dos quais o mais famoso foi João Tetzel, pregavam que mediante uma oferta em dinheiro as pessoas poderiam ter seus pecados passados, presentes e futuros perdoados. Contra isso levantou-se o monge agostiniano Martin Lutero. Lutero afixou 95 teses nas portas da igreja de Wittenberg denunciando o abuso dos pregadores de indulgências. Esse foi o estopim que deu origem à corrente protestante do cristianismo, da qual somos nós herdeiros. Diante disso como voltaremos nós ao erro negando nossa própria origem? Nem o dízimo na Lei, nem o dízimo em Malaquias são essencialmente ruins, devemos entender sua razão histórica e as motivações de cada um deles, mas eu deixo isso a cada leitor, eu me atenho ao problema em questão, sobre a sua validade hoje.
Devemos entender que nem o dízimo da lei, nem sua consequência "malaquiana" representam o dízimo das igrejas modernas. O dízimo NUNCA foi uma "entidade única", a Bíblia fala em "dízimos" e não de uma hipotética chave dos céus e expelidora de demônios, o MITO de hoje é uma invenção humana que tergiversa (torce o sentido) a Bíblia.
Mas o Abraão?
O dízimo "abraãmico":
Com relação ao episódio envolvendo Abraão devemos ter em mente a passagem que diz:
Porque tudo o que dantes foi escrito, para o nosso ensino foi escrito, para que, pela paciência e consolação das Escrituras, tenhamos esperança. Romanos 15:4.
Portanto devemos ver no episódio descrito em Gênesis 14:18-20 algo mais para nosso ensino. O capítulo 7 de Hebreus lança luz sobre esse episódio (leia benévolo leitor), não devemos pensar que esse texto fala-nos de dízimo como seu objeto final, ele fala de SACERDÓCIOS por comparação.Um sacerdócio eterno que é o de Melquisedeque e um temporal que é o levítico representado em Abraão. Aqui o sacerdócio TEMPORAL se submete ao ETERNO, pois lhe é sombra inferior.
Devemos ler esse texto com a chave de leitura do capítulo 4 ainda de Hebreus.
O capítulo 4 de Hebreus fala de DOIS descansos:
Um é o descanso sabático da LEI exemplificado na guarda do sétimo dia, algumas pessoas acham, à semelhança do dízimo levítico, que a sua guarda é obrigatória ainda hoje.Mas esse "SHABAT" é sombra de um outro, aponta para um outro DESCANSO ETERNO dos santos, o escritor nos incita a buscar essa outro descanso (Hebreus 4:11).Isso é muito CLARO e concilia as aparentes contradições se aplicado da mesma forma ao capítulo 7 que inclusive saiu da pena do mesmo escritor, portanto deve ser lida da mesma forma.Assim como não aceitamos que os dois descansos do capítulo 4 não são um só também podemos entender que quando o escritor fala de dízimos no capítulo 7 ele não está falando de um coisa só.
Hebreus cita também dois dízimos, um é o levítico e o outro é o abraâmico, ambos pertencem a sacerdócios diferentes.
E aqui, certamente, tomam dízimos homens que morrem; ali, porém, aquele de quem se testifica que vive. E, por assim dizer, por meio de Abraão, até Levi, que recebe dízimos, pagou dízimos. Porque, ainda ele estava nos lombos do seu pai, quando Melquisedeque lhe saiu ao encontro. De sorte que, se a perfeição fosse pelo sacerdócio levítico (porque sob ele o povo recebeu a lei), que necessidade havia, logo, de que outro sacerdote se levantasse, segundo a ordem de Melquisedeque, e não fosse chamado segundo a ordem de Aarão? Porque, mudando-se o sacerdócio, necessariamente se faz, também, mudança da lei. Porque aquele, de quem estas coisas se dizem, pertence a outra tribo, da qual ninguém serviu ao altar. Hebreus 7:8-13
Essa é a minha base para afirmar que há dois tipos de dízimos, um é legal e temporário na vigência da lei, outro é anterior à lei e posterior à ela abrangendo-a ainda. O dízimo levítico é sombra do dízimo devido à Melquisedeque, e lhe é inferior.
Para arrematar vejamos as características dos dois dízimos, o “malaquiano” e o “abrâmico”:
-Abraão em Gênesis 14 deu o dízimo APÓS receber o pão e vinho (claros símbolos do sacrifício de Cristo) e de ter sido abençoado. Deu em reconhecimento à grandeza do personagem que com ele falava. É um reconhecimento, é gratidão. A benção é INCONDICIONAL, pois os méritos estão na designação "Deus de Abraão", a benção está na própria relação do crente Abraão com seu Deus. Suas consequências são ETERNAS.
- O dízimo em Malaquias é ANTERIOR à benção, é dado por constrangimento com ameaças de MALDIÇÃO ( Ml 3:9). É uma obrigação. A benção é CONDICIONAL. Como toda a lei depende da capacidade da pessoa em cumprir as exigências e suas consequências são MATERIAIS.
A igreja vem pregando a LEI, a morte não entendendo essa sútil diferença, toda a Escritura vem de Deus e mesmo a descrição em Malaquias pode ser corretamente aplicada desde que vista como SÍMBOLO do episódio tão bem aclarado em Hebreus 7.Os textos referentes aos dízimos constantes na TORÁ (Lei de Moisés) , anteriormente citados, podem servir para aclarar o sentido do símbolo como fazemos com todos os outros textos da LEI quando aplicados ao NT. Nesse sentido estabelecemos a ESPIRITUALIDADE da TORÁ "comparando coisas espirituais com coisas espirituais". Resgatamos o "Espírito da Letra".Entendemos que o dízimo representa a DEDICAÇÃO, ele é um ato de AMOR e RECONHECIMENTO e não uma moeda de troca.
Alguém dízima porque É abençoado e não para ser abençoado, nós fomos "criados em boas obras para andarmos nelas" (Efésios 2:10).Lembremos as finalidades dos dízimos no AT: manutenção da Obra, bem estar do ofertante e assistência ao necessitado, portanto o mau uso que alguns fazem dele é errado.
Infelizmente algumas pessoas vivem presas a teoria humanas, que, embora, pareçam bíblicas não o são. Os conhecimentos que poderiam mudar isso têm sido mantidos sob pesado velame,se fosse diferente poderiam libertar alguns que ainda querem fazer barganha com Deus."Do Senhor é a terra e a sua plenitude" (Salmo 24:1) e "que darei ao Senhor por todos os benefícios que me tem dado?" (Salmo 116:12), NADA, pois tudo é DELE!Você não recebeu a benção quando deu dinheiro a Deus, você recebeu a benção quando abriu seu coração para ELE, e como consequência da relação de fé que você tem com ELE, ELE te deu muito mais do que você poderia pensar em pedir!E muitas dessas bençãos passaram despercebidas para você, muitas delas você só vai conhecer na GLÓRIA. No tipo de relação que Deus estabeleceu com você ELE cuida de cada detalhe de sua existência te provendo todo o necessário, mas deixando o campo livre para que você possa exercitar seu libre-arbítrio e assim glorificá-lo com seu culto racional.Você é um depositário dos bens celestes e terrestres, Deus colocou em tuas mãos aquilo que era a medida do teu ministério, embora em tuas mãos tudo é dele, até você.A relação é de servo/SENHOR, filho/PAI, membros/CABEÇA, e outras.Não pense no mundo espiritual como uma LOTERIA ou como a BOLSA de VALORES, onde você investe num negócio com riscos. As promessas de Deus não falham.
Mas o Novo Testamento não promete bençãos aos fiéis?
Certamente, mas não alimenta uma sentimento materialista como querem alguns. Muitas das promessas bíblicas devem ser vistas sob ótica espiritual.
Vejamos algumas:
E outra caiu em boa terra, e deu fruto: um a cem, outro a sessenta, e outro a trinta. Mateus 13:8
Obviamente o texto não fala de bens materiais, mas da eficácia da pregação da palavra.
E o que é instruído na palavra reparta de todos os seus bens com aquele que o instrui. Não erreis; Deus não se deixa escarnecer; porque tudo o que o homem semear, isso, também, ceifará. Porque o que semeia na sua carne, da carne ceifará a corrupção; mas o que semeia no Espírito, do Espírito ceifará a vida eterna. Gálatas 6:6-8.
Aqui Paulo nos instrui a repartir os bens, correto, mas o efeito ainda é espiritual, não há promessa de riquezas por essa fidelidade.
O meu Deus, segundo as suas riquezas, suprirá todas as vossas necessidades em glória, por Cristo Jesus. Filipenses 4:19
Para bem entender o texto é só olhar o contexto imediato desde o versículo 10, Paulo não está prometendo riquezas, mas demonstrando que Deus cuida dos seus. Além do mais ele mesmo diz que aprendeu a viver com as adversidades, a ter fome como a ter abundância.
Conclusão:
Toda oferta deve partir de um coração grato, sabendo que Deus sabe quantos cabelos temos na cabeça e que buscando as coisas espirituais colheremos as demais coisas como consequências de nossa relação com Ele. A busca desenfreada por bem estar terreno é uma loucura, nossa vida é muito curta, devemos batalhar como seres humanos em busca do melhor para nossa família, mas não fazer disso nosso alvo de vida. O amor ao dinheiro é a raiz de todas as espécies de males (Tiago 6:10) e a busca por melhores condições de vida pode se tornar uma viagem sem fim.
Sim sofreremos, sim as condições do mundo terão algum efeito sobre nós, ficaremos doentes e Deus não curará todas as doenças. Devemos ser fiéis pela fidelidade mesmo e não para receber algo em troca.
E, ao anjo da igreja que está em Filadélfia escreve: Isto diz o que é santo, o que é verdadeiro, o que tem a chave de David; o que abre e ninguém fecha; e fecha e ninguém abre: Eu sei as tuas obras; eis que diante de ti pus uma porta aberta, e ninguém a pode fechar; tendo pouca força, guardaste a minha palavra, e não negaste o meu nome. Eis que eu farei aos da sinagoga de Satanás, aos que se dizem judeus e não são, mas mentem; eis que eu farei que venham, e adorem, prostrados aos teus pés, e saibam que eu te amo. Como guardaste a palavra da minha paciência, também eu te guardarei da hora da tentação que há-de vir sobre todo o mundo, para tentar os que habitam na terra. Eis que venho, sem demora; guarda o que tens, para que ninguém tome a tua coroa. A quem vencer, eu o farei coluna no templo do meu Deus, e dele nunca sairá; e escreverei sobre ele o nome do meu Deus, e o nome da cidade do meu Deus, a nova Jerusalém, que desce do céu, do meu Deus, e também o meu novo nome. Quem tem ouvidos, ouça o que o Espírito diz às igrejas. Apocalipse 3:7-13
Como dizes: Rico sou, e estou enriquecido, e de nada tenho falta; e não sabes que és um desgraçado, e miserável, e pobre, e cego, e nu, Aconselho-te que de mim compres ouro, provado no fogo, para que te enriqueças, e vestidos brancos, para que te vistas, e não apareça a vergonha da tua nudez, e que unjas os teus olhos com colírio, para que vejas. Eu repreendo e castigo a todos quantos amo; sê, pois, zeloso, e arrepende-te. Apocalipse 3:17-19
"O homem não passa de um caniço, o mais fraco da natureza, mas é um caniço pensante" Blaise Pascal, Pensamentos, artigo VI, 347. Todo material deste blog pode ser reproduzido livremente, desde que sem fins lucrativos e com a indicação da fonte. Alguns textos mais antigos não refletem mais as ideias do autor, mas permanecem como um exemplo da sua própria evolução pessoal.
domingo, 16 de agosto de 2009
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Seja Bem Vindo (a) meu (minha) amigo(a), fique a vontade para copiar o que te interessar e distribuir. Apenas peço que cite a fonte. No mais que Deus te abençoe com todas as benção espirituais em Cristo!
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4 comentários:
Prezado irmão Isaías. A paz do Senhor.
Parabéns pelo texto bem elaborado e consistente em suas referências bíblicas e pessoais.
Vamos continuar juntos como guardiães dos valores bíblicos que são, de fato, nossas verdadeiras armas no combate ostensivo às heresias que tanto mal tem produzido à vida espiritual de muitas pessoas.
O tema dízimo tem sido alvo de polêmica ao longo do tempo, e devemos continuar pautando nossa postura quanto ao assunto pelo equilíbrio, entendendo que o ato de entregar ou devolver o dízimo deve ser fruto da liberalidade individual, tendo como parâmetro fé, amor e obediência.
O dízimo e as ofertas ainda são a fonte de recursos para a manutenção das atividades da Igreja enquanto organização, e devem ser administrados com muita responsabilidade e critério pelos que tem a incumbência de fazê-lo.
Oportunamente poderemos conversar mais sobre o assunto pessoalmente, se vc achar conveniente.
Um forte abraço meu querido irmão.
Wilton de Oliveira Junior.
Saudações caríssimo Isaías. O seu blog é uma benção!
A questão do dízimo sempre dá pano pra manga.
muito aproveitável sua explicação concernente ao dízimo conforme o livro de Malaquias. Gostaria só de acrescentar um outro detalhe que julgo ser não menos interessante e que muitas vezes passa despercebnido pelos leitores.
Extrair os versículos (7-10), afim de argumentar, ensinar e exigir
que os cristãos são obrigados a dizimar, está contra os princípios da hermenêutica, pois não está sendo levado em conta o contexto. Todos
conhecem o ditado “texto sem contexto é pretexto para heresias". É errado interpretar um texto fora do seu contexto pois vai proporcionar um ensino
errado, mesmo que isso seja feito de forma consciente ou inconsciente.
Sendo assim, se alguém ousa exigir o pago do dízimo com base em Ml 3:7-10, é forçosamente obrigado a cumprir todas as outras exigências do livro de Malaquias, o que é impossível porque, em nossos dias, por exemplo, não existem sacerdotes na igreja (não no mesmo sentido da época de Malaquias),
para oferecerem por nós sacrifícios ao Senhor.
Observe, por exemplo, o que diz Malaquias sobre a lei: “lembraivos
da lei de Moisés, meu servo a qual lhe prescrevi em Horebe para todo o
Israel, a saber estatutos e juízos" (4:4). Se os cristãos forem obrigados a pagar o dízimo, eles forçosamente serão obrigados a guardar a lei, pois o mesmo escritor que falou sobre o dízimo, falou sobre a lei (leia Rm 7:4;
10: 4). Porém, se o cristão não precisa observá-la, por que razão ele é obrigado a dizimar?
Caro Isaías.
Indulgências nada têm a ver com dízimos. No entanto, tal comparação inconcebível é recorrente.
Os críticos da prática do dízimo usam como argumento para refutá-la uma comparação com a prática de indulgências, usada pela Igreja Católica Apostólica Romana, que veio a provocar os protestos de Martinho Lutero e a origem da igreja protestante.
A origem da prática do dízimo está registrada nas Escrituras Sagradas, não é invenção da ICAR. A prática da indulgência, sim, é invenção católica. As duas práticas são totalmente diferentes uma da outra.
Indulgências eram as práticas de cobranças de padres para perdoar pecados. Os líderes católicos se apresentavam como intermediadores entre Deus e os homens e obrigavam os católicos que quisessem se confessar, ou aos familiares de algum morimbundo, que pagassem pela cerimônia de perdão.
Os cristãos evangélicos, dizimistas, confessam seus pecados a Deus e não aos padres, crendo que Jesus Cristo é o único mediador entre Deus e os homens (1ª João 1.9; 1ª Timóteo 2.5).
Abraço.
É só uma exemplificação de como a Igreja Evangélica inventou essa contemporânea prática do dízimo enquanto a Igreja Romana inventou a prática das indulgências, e de como ambas não podem ser sustentadas biblicamente. Bom texto. Bem completo, brother.
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