quarta-feira, 29 de agosto de 2007

Carta a um Amigo

Meu amigo ***:

“Em todo o tempo ama o amigo e para a hora da angustia se faz o irmão” (provérbios 17:17)

As pessoas têm muitas formas de dizerem que amam alguém, mas nem sempre dizê-lo com palavras é a melhor opção, porque palavras se banalizam e perdem o sentido. Algumas vezes o silêncio fala mais alto e gestos soam como trovões. Entretanto, se queremos ser claros, inevitavelmente seremos obrigados por nosso coração a olhar nos olhos do outro e dizer “eu amo você!” Se eu me ajoelhasse agora e dirigisse a Deus uma oração e Lhe falasse daquela sensacional e maravilhosa pessoa que é o meu amigo *** e pedisse sinceramente que Ele abençoasse aquele meu amigo, isso, quer dizer esse ato, teria que ser significativo para você. Pois mostraria que (embora você não creia em Deus) eu me preocupo com você! Talvez você pensasse: “Puxa, ele fala sozinho, Deus não existe, mas e daí? Essa é a forma dele agir, se fosse parte de sua índole ele faria outra coisa, mas como não é ele apenas ora por mim”.

Você deve estar se perguntando o que eu quero dizer com isso. Bem, em primeiro lugar e no sentido daquele texto em azul lá em cima que eu te amo! E em segundo, que o amor nos leva a desejar o melhor para quem amamos porque nos preocupamos com eles e eu me preocupo com você. Mas que tipo de preocupação é essa? Bom, em todas as áreas, mas principalmente em uma que eu julgo conhecer mais.

E exatamente por isso eu me sinto culpado, por não tentar compartilhar isso com você. Para ilustrar leia esta estória: Um prédio estava em chamas, os bombeiros foram chamados. O caminhão veio a toda com sua sirene ligada. Havia cinco homens naquele caminhão. Lá chegando, quatro daqueles valorosos bombeiros saltaram do veículo para combater o incêndio, entretanto, um deles ficou na viatura por mais seis minutos, tempo para que cinco pessoas morressem queimadas. Aquele tinha sido um dia muito ocupado para o tal bombeiro, acontece que ele tinha comprado um novíssimo cd player de última geração que daria de presente ao seu chefe e como não tivera tempo decidiu testá-lo naquela hora. Ele foi levado a julgamento por omissão e descumprimento do dever legal. Seu advogado tentou argumentar que a sua omissão foi em conseqüência da profunda admiração que ele tinha por seu chefe. Quando ouviu isso o chefe levantou-se e com o dedo na cara do homem falou: “Você traiu o seu juramento!” Aquele homem foi condenado e recebeu baixa desonrosa. De certa forma eu poderia ser aquele bombeiro!

Em um dos livros do filósofo Platão, A República, existe um trecho conhecido como “parábola ou mito da caverna”. Nele, Platão, imaginou homens que haviam nascido e sido criados acorrentados numa caverna. Sempre voltados para a parede, viam apenas a sombra projetada de quem ou o que passava pela entrada. Um dia um deles conseguiu escapar, e saindo pelo mundo ficou admirado com a quantidade de cores que existia. Enlevado com a magnífica beleza da criação, resolveu voltar e relatar aos seus companheiros todas aquelas maravilhas. Quando relatou tudo aquilo aos homens acorrentados, estes não quiseram acreditar nele, pois para eles tudo que existia eram as sombras que eles viam. Existe um forte simbolismo nisso, a idéia de que há uma outra realidade, além do que vemos.

O que você quer dizer Isaias, para de enrolar! Tudo bem, mas eu não estou enrolando, loguinho você entenderá o que eu quero dizer com as duas historinhas. Comecemos pela caverna. Eu acredito em outra realidade, além do que vemos, isso não é segredo para você. Eu sei, você está de saco cheio dos religiosos, creia, eu também! Como o homem que foi solto da caverna eu também acredito ter encontrado uma outra realidade. Não se trata de religião, porque essa mensagem é destrutiva para as instituições religiosas, ela traz libertação dos conceitos humanos. Ora, religião vem do latim “religare”, religar, é uma tentativa humana de religar as realidades material e espiritual, o homem e seus deuses. Quando você não conhece alguém pessoalmente a única coisa que pode fazer é construir uma imagem pelas pistas que tem, assim os homens da antiguidade tomaram os fenômenos naturais por deuses, os efeitos pela causa. Até aí a religião era “natural” mas logo apareceu um espertalhão que se dizia “interprete dos deuses” e criou rituais, clero, dogmas, etc. A religião, como a política e algumas outras instituições humanas existem para dar legitimidade ao domínio de uma elite sobre a massa ignorante.

Quando Jesus surgiu no cenário da História, as religiões organizadas eram coisa antiga. Ele transmitiu sua mensagem dentro do contexto religioso judaico (única religião revelada) e apenas para dar cumprimento aos seus aspectos legalistas. Aquela nação tinha uma religião bem estabelecida, um templo, sacerdotes, uma lei, regras sacrificiais, e um apego profundo aos seus escritos sagrados. A nação judaica existia em torno da Tora, lei. Os escritos judaicos, isto é aquilo que chamamos de “Antigo Testamento”, não é constituído apenas de regras religiosas, boa parte dele são profecias. Essas profecias versavam sobre diversos temas, tais como o presente e o futuro da própria nação de Israel, das nações adjacentes, e como não podia deixar de ser, o mundo todo. Esses escritos, mesmo hoje são respeitados como historicamente fidedignos, tendo muitas de suas afirmações confirmadas pela arqueologia ( ver Estela do rei Mesa, A Pedra Moabita, Epopéia de Gilgamesh, etc) e por outras fontes históricas ( Flávio Josefo com “Antiguidades Judaicas”, o escritor romano Tácito com os “Anais”, Suêtonio com “ A Vida dos Doze Cesáres”, etc). O importante é que muitas daquelas profecias aludiam à vinda de um rei-sacerdote, que era chamado de “Messias” e que seria a encarnação do próprio Deus de Israel. A seguir algumas dessas profecias:

Porque um menino nos nasceu, um filho se nos deu; e o principado está sobre os seus ombros; e o seu nome será Maravilhoso, Conselheiro, Deus Forte, Pai da Eternidade, Príncipe da Paz.” Isaias 9:06

Sobre a forma do seu nascimento, isto é milagroso e de uma virgem:
“ Portanto, o mesmo Senhor vos dará um sinal: eis que uma virgem conceberá, e dará à luz um filho, e será o seu nome Emanuel.” Isaias 7:14.

Sobre o local do Seu nascimento:
“E tu, Belém Efrata, posto que pequena entre milhares de Judá, de ti me sairá o que será Senhor em Israel, e cujas origens são desde os tempos antigos, desde os dias da eternidade.” Miquéias 5:02

Sobre o tipo de morte:
“ Pois me rodearam cães; o ajuntamento de malfeitores me cercou; traspassaram-me as mãos e os pés.” Salmo 22:16.

1 Quem deu crédito à nossa pregação? E a quem se manifestou o braço do SENHOR?
2 Porque foi subindo como renovo perante ele e como raiz de uma terra seca; não tinha parecer nem formosura; e, olhando nós para ele, nenhuma beleza víamos, para que o desejássemos.
3 Era desprezado e o mais indigno entre os homens, homem de dores, experimentado nos trabalhos e, como um de quem os homens escondiam o rosto, era desprezado, e não fizemos dele caso algum.
4 Verdadeiramente, ele tomou sobre si as nossas enfermidades e as nossas dores levou sobre si; e nós o reputamos por aflito, ferido de Deus e oprimido.
5 Mas ele foi ferido pelas nossas transgressões e moído pelas nossas iniqüidades; o castigo que nos traz a paz estava sobre ele, e, pelas suas pisaduras, fomos sarados.
6 Todos nós andamos desgarrados como ovelhas; cada um se desviava pelo seu caminho, mas o SENHOR fez cair sobre ele a iniqüidade de nós todos.
7 Ele foi oprimido, mas não abriu a boca; como um cordeiro, foi levado ao matadouro e, como a ovelha muda perante os seus tosquiadores, ele não abriu a boca.
8 Da opressão e do juízo foi tirado; e quem contará o tempo da sua vida? Porquanto foi cortado da terra dos viventes e pela transgressão do meu povo foi ele atingido.
9 E puseram a sua sepultura com os ímpios e com o rico, na sua morte; porquanto nunca fez injustiça, nem houve engano na sua boca.
10 Todavia, ao SENHOR agradou o moê-lo, fazendo-o enfermar; quando a sua alma se puser por expiação do pecado, verá a sua posteridade, prolongará os dias, e o bom prazer do SENHOR prosperará na sua mão.
O trabalho da sua alma ele verá e ficará satisfeito; com o seu conhecimento, o meu servo, o justo, justificará a muitos, porque as iniqüidades deles levará sobre si. Pelo que lhe darei a parte de muitos, e, com os poderosos, repartirá ele o despojo; porquanto derramou a sua alma na morte e foi contado com os transgressores; mas ele levou sobre si o pecado de muitos e pelos transgressores intercedeu.
Isaias capitulo 53.

Hoje costumamos ver a Bíblia como um livro apenas, mas ela é na verdade uma coleção de 66 livros escritos por cerca de 40 pessoas, em épocas e lugares diferentes. O livro do profeta Isaias que dá detalhes tão magníficos da vida de Jesus foi escrito 700 anos antes de Ele nascer. E se alguém quiser dizer que o livro foi interpolado para que as profecias se adequassem à vida de Jesus, existe uma cópia datada (por carbono 14) de cem anos ANTES de Seu nascimento cujo texto é basicamente o mesmo que temos hoje. Essa descoberta (do manuscrito) se deu em 1948 às margens do mar Morto, em Kirbet Qunran, por um beduíno da tribo T’amire, são os famosos “Manuscritos do Mar Morto”.

Jesus trouxe uma nova e definitiva abordagem da religião judaica, lançou muitos dogmas por terra e ensinou que o homem poderia ter acesso direto a Deus ( tema perdido por séculos e restaurado pela reforma protestante, o sacerdócio universal dos que crêem) sem necessitar de nenhum outro intermediário senão Ele (Jesus) mesmo. Ele disse “ Eu sou o caminho, a verdade e a vida, ninguém vem ao pai senão por mim” João 14:06. Sejamos sinceros, Jesus não criou religião nenhuma, não fundou uma instituição chamada "igreja", embora tenha dado origem a um organismo vivo com esse nome, e nem organizou um clero. Ele trouxe uma mensagem: a Sua própria vida e os seus ensinos!

Aqui está o mistério, um homem surge dois mil anos atrás, em um recanto poeirento e inexpressivo do antigo Império Romano, na Palestina Asiática. Escolhe doze discípulos e ensina-lhes durante três anos coisas que pela época eram altamente revolucionárias, faz centenas de milagres e então é crucificado e morto. E, segundo esses seguidores, ressurge dentre os mortos depois de três dias, ressuscita! Sua mensagem atravessa barreiras lingüísticas e geográficas inspirando milhões de pessoas em todas as épocas e lugares a seguirem-nO com prejuízo mesmo das próprias vidas. E quem eram esses homens, santos? Não! Eram e são os mesmos tipos que você encontra nos mercados hoje em dia, pessoas comuns que acreditaram naquela mensagem e que alegaram ter tido um encontro pessoal com Jesus. Eu, com todas as minhas falhas e fraquezas, meu amigo, sou um deles!

A questão é: A gente vive o que acredita! E eu, embora viva no mundo, tenho os olhos no além. Sou por isso um fanático alienado? Não, você bem sabe. Mas se eu acho razões para crer, não foi na razão que o encontrei, foi na fé. E a fé é a expressão do que se não vê e a prova do que se espera. Por isso eu digo que não sou religioso, porque tive um encontro com Jesus e este encontro me inseriu na ordem por traz da ordem do mundo. E não sou o único, há milhões vivendo hoje que afirmam o mesmo. E não são todos humildes como eu, há mesmo cientistas e grandes homens de estado.

Mas tantas coisas erradas foram feitas em nome de Cristo! É verdade! Você recebe a mensagem e então decide o que fazer dela, ignorá-la, acreditar nela e receber seus benefícios ou usar dela para seus fins egoístas. Essa é a comparação que faço da parábola de Platão, existe uma outra realidade e esta foi revelada em Cristo, e pela repercussão que causou, merece ao menos ser investigada.

A outra historinha que eu lhe contei foi a do bombeiro, e eu a apliquei a mim. Veja, um aspecto forte dessa minha forma de ver o mundo (não gosto de chamá-la de religião) é o crescimento por conversão, ou seja, não se nasce cristão, aceita-se Jesus e seus ensinos. E a única forma de isso acontecer é através da pregação. Alguém só pode ouvir minha mensagem se eu transmiti-la. E é mesmo, dentro da doutrina, o nosso dever principal como cristãos. Jesus disse: Vão por todo o mundo e anunciem este evangelho (do grego eu=belo,bom+angelion=mensagem,novidade- boa mensagem) a todas as pessoas. Esse é o dever máximo de um “crente”. Anunciar e não empurrar garganta abaixo, essa é uma atitude que nem Jesus aprovaria, Ele respeitava aqueles que não queriam ouvi-lo.

Agora pense em mim, eu tenho um grande amigo, como é que eu poderia deixar de compartilhar a minha mensagem com ele? Se eu não fizer será como afirmar que eu não acredito naquilo, mas eu acredito. Logo, para não ser como o bombeiro que só queria agradar o chefe (Deus) eu preciso agir. E se eu não puder mudar sua forma de ver isto, pelo menos eu acrescentei um fator a mais de intimidade entre nós, porque você me conhecerá melhor, pelo menos eu me interesso pelo que você pensa mesmo não concordando com tudo.Por isso eu decidi te escrever, mas por favor não me confunda com aquelas testemunhas que te incomodam no portão, eu também “ não vi o crime”.

Ufa! Acabei. Mas é isso, tirei o peso. Agora só me resta te agradecer por ser essa pessoa transparente e por ser um cara tão diferente e tão parecido comigo, saiba que você é uma das pessoas que eu mais respeito (se não “a pessoa”) neste mundo, e o que eu sinto por você só pode ser qualificado como “irmandade”, até minha filha te ama!

The best guardian, Isaias.

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