Prisões Eternas Em Judas 6
Esse texto da Epístola de Judas é de interpretação incerta. Se admitirmos que se liga a Gênesis capítulo 6, seremos forçados a dizer que “filhos de Deus” naquele contexto são anjos, admitindo a interpretação do livro apócrifo de Enoque de que eram anjos mesmo.
Fato é de que não existe outra possível citação dessa queda dos anjos no AT além de Gn 6. É uma questão de escolha.
Judas 6 “(...) e aos anjos que não guardaram o seu principado, mas deixaram a sua própria habitação, reservou na escuridão e em prisões eternas até ao juízo daquele grande Dia”
Quanto às cadeias ou prisões eternas temos ainda duas possíveis interpretações. Convêm aqui considerar o texto paralelo em 2Pe 2:04: "Porque, se Deus não perdoou aos anjos que pecaram, mas, havendo-os lançado no inferno, os entregou às cadeias da escuridão, ficando reservados para o Juízo;”
Alguns elementos se repetem. Judas diz que estes anjos não guardaram o seu principado, Pedro diz que pecaram. Judas diz que estão em “escuridão e em cadeias eternas”, Pedro diz que foram entregues às cadeias da escuridão.
O ponto de contato é escuridão, os dois usam a mesma palavra grega aqui, Zofos, esta palavra tem o sentido de escuridão ou trevas profundas. Refere-se principalmente à escuridão do mundo inferior.
Para cadeias ou prisão, Judas usa “Desmos” que significa fita ou laço, Pedro usa “Seira” arame corda ou cadeia. Embora sejam palavras diferentes, mostram o mesmo evento.
As duas interpretações possíveis dessas cadeias são: elas eram eternas quanto a duração ou quanto à natureza.
Se for quanto à duração poderíamos dizer que os anjos estão no inferno e pronto, interpretando isso com base em Mateus 25:41: “Então dirá, também, aos que estiverem à sua esquerda: Apartai-vos de mim, malditos, para o fogo eterno, preparado para o diabo e os seus anjos;”
Diríamos então que os anjos que pecaram estão no inferno e não sairão de lá. Uma questão quanto a essa interpretação é a seguinte: Se os anjos que pecaram estão presos no mais profundo do inferno (a palavra usada por Pedro para inferno é “Tártaros”, o mais profundo do inferno) quem são os demônios que Jesus e os discípulos expulsavam? Se Aceita, geralmente, que eles são anjos caídos. Ora porque alguns anjos estão no inferno e outros não?
Paulo diz em 1Co 6:03 que haveremos de "julgar os anjos". Se os anjos ainda serão julgados não é certo dizer que sua prisão já seja eterna, talvez isso nos indique que “juízo” ali não seja o juízo final e sim o do sistema atual.
Repare a expressão “grande dia”, ora é semelhante (embora a construção grega seja diferente, “megales hemeras” para Judas e “he hemera he megale” para João) à expressão usada em Ap 6:17: “Porque é vindo o grande dia da sua ira; e quem poderá subsistir?”.
Em Apocalipse 9:1-11 encontramos criaturas demoníacas saindo do “abismo”, criaturas que tinham um chefe sobre si, um anjo do abismo chamado Apolion:
“E O quinto anjo tocou a sua trombeta, e vi uma estrela que do céu caiu na terra; e foi-lhe dada a chave do poço do abismo; E abriu o poço do abismo, e subiu fumo do poço, como o fumo de uma grande fornalha, e com o fumo do poço escureceu-se o sol e o ar.E do fumo vieram gafanhotos sobre a terra; e foi-lhes dado poder, como o poder que têm os escorpiões da terra.E foi-lhes dito que não fizessem dano à erva da terra, nem a verdura alguma, nem a árvore alguma, mas somente aos homens que não têm nas suas testas o sinal de Deus.E foi-lhes permitido, não que os matassem, mas que, por cinco meses, os atormentassem; e o seu tormento era semelhante ao tormento do escorpião, quando fere o homem.E naqueles dias os homens buscarão a morte, e não a acharão; e desejarão morrer, e a morte fugirá deles.E o parecer dos gafanhotos era semelhante ao de cavalos, aparelhados para a guerra; e sobre as suas cabeças havia umas como coroas, semelhantes ao ouro; e os seus rostos eram como rostos de homens; E tinham cabelos como cabelos de mulheres, e os seus dentes eram como de leões; E tinham couraças como couraças de ferro; e o ruído das suas asas era como o ruído de carros, quando muitos cavalos correm ao combate; E tinham caudas semelhantes às dos escorpiões, e aguilhões nas suas caudas; e o seu poder era para danificar os homens por cinco meses. E tinham sobre si um rei, o anjo do abismo; em hebreu, era o seu nome Abadon, em grego Apólion”.
“Abismo” nos lembra Tártaro, portanto uma interpretação possível de Judas 6 é que essas cadeias eram eternas quanto a sua natureza, mas que elas manteriam esses anjos na “escuridão” até um tempo determinado para o juízo da raça humana. Que Deus reservou alguns anjos para esse fim fica bem claro por Apocalipse 9:14-15: “A qual dizia ao sexto anjo, que tinha a trombeta: Solta os quatro anjos que estão presos junto ao grande rio Eufrates. E foram soltos os quatro anjos, que estavam preparados para a hora, e dia, e mês, e ano, a fim de matarem a terça parte dos homens”.
Por alguma razão esses anjos foram “reservados” para o “grande dia”, talvez pelo seu poder ou pelo seu grau de maldade, para serem mensageiros do juízo de Deus sobre a terra.
Não me admira que o Iraque seja um local tão agitado, com inquilinos como estes...
Shalom!
Esse texto da Epístola de Judas é de interpretação incerta. Se admitirmos que se liga a Gênesis capítulo 6, seremos forçados a dizer que “filhos de Deus” naquele contexto são anjos, admitindo a interpretação do livro apócrifo de Enoque de que eram anjos mesmo.
Fato é de que não existe outra possível citação dessa queda dos anjos no AT além de Gn 6. É uma questão de escolha.
Judas 6 “(...) e aos anjos que não guardaram o seu principado, mas deixaram a sua própria habitação, reservou na escuridão e em prisões eternas até ao juízo daquele grande Dia”
Quanto às cadeias ou prisões eternas temos ainda duas possíveis interpretações. Convêm aqui considerar o texto paralelo em 2Pe 2:04: "Porque, se Deus não perdoou aos anjos que pecaram, mas, havendo-os lançado no inferno, os entregou às cadeias da escuridão, ficando reservados para o Juízo;”
Alguns elementos se repetem. Judas diz que estes anjos não guardaram o seu principado, Pedro diz que pecaram. Judas diz que estão em “escuridão e em cadeias eternas”, Pedro diz que foram entregues às cadeias da escuridão.
O ponto de contato é escuridão, os dois usam a mesma palavra grega aqui, Zofos, esta palavra tem o sentido de escuridão ou trevas profundas. Refere-se principalmente à escuridão do mundo inferior.
Para cadeias ou prisão, Judas usa “Desmos” que significa fita ou laço, Pedro usa “Seira” arame corda ou cadeia. Embora sejam palavras diferentes, mostram o mesmo evento.
As duas interpretações possíveis dessas cadeias são: elas eram eternas quanto a duração ou quanto à natureza.
Se for quanto à duração poderíamos dizer que os anjos estão no inferno e pronto, interpretando isso com base em Mateus 25:41: “Então dirá, também, aos que estiverem à sua esquerda: Apartai-vos de mim, malditos, para o fogo eterno, preparado para o diabo e os seus anjos;”
Diríamos então que os anjos que pecaram estão no inferno e não sairão de lá. Uma questão quanto a essa interpretação é a seguinte: Se os anjos que pecaram estão presos no mais profundo do inferno (a palavra usada por Pedro para inferno é “Tártaros”, o mais profundo do inferno) quem são os demônios que Jesus e os discípulos expulsavam? Se Aceita, geralmente, que eles são anjos caídos. Ora porque alguns anjos estão no inferno e outros não?
Paulo diz em 1Co 6:03 que haveremos de "julgar os anjos". Se os anjos ainda serão julgados não é certo dizer que sua prisão já seja eterna, talvez isso nos indique que “juízo” ali não seja o juízo final e sim o do sistema atual.
Repare a expressão “grande dia”, ora é semelhante (embora a construção grega seja diferente, “megales hemeras” para Judas e “he hemera he megale” para João) à expressão usada em Ap 6:17: “Porque é vindo o grande dia da sua ira; e quem poderá subsistir?”.
Em Apocalipse 9:1-11 encontramos criaturas demoníacas saindo do “abismo”, criaturas que tinham um chefe sobre si, um anjo do abismo chamado Apolion:
“E O quinto anjo tocou a sua trombeta, e vi uma estrela que do céu caiu na terra; e foi-lhe dada a chave do poço do abismo; E abriu o poço do abismo, e subiu fumo do poço, como o fumo de uma grande fornalha, e com o fumo do poço escureceu-se o sol e o ar.E do fumo vieram gafanhotos sobre a terra; e foi-lhes dado poder, como o poder que têm os escorpiões da terra.E foi-lhes dito que não fizessem dano à erva da terra, nem a verdura alguma, nem a árvore alguma, mas somente aos homens que não têm nas suas testas o sinal de Deus.E foi-lhes permitido, não que os matassem, mas que, por cinco meses, os atormentassem; e o seu tormento era semelhante ao tormento do escorpião, quando fere o homem.E naqueles dias os homens buscarão a morte, e não a acharão; e desejarão morrer, e a morte fugirá deles.E o parecer dos gafanhotos era semelhante ao de cavalos, aparelhados para a guerra; e sobre as suas cabeças havia umas como coroas, semelhantes ao ouro; e os seus rostos eram como rostos de homens; E tinham cabelos como cabelos de mulheres, e os seus dentes eram como de leões; E tinham couraças como couraças de ferro; e o ruído das suas asas era como o ruído de carros, quando muitos cavalos correm ao combate; E tinham caudas semelhantes às dos escorpiões, e aguilhões nas suas caudas; e o seu poder era para danificar os homens por cinco meses. E tinham sobre si um rei, o anjo do abismo; em hebreu, era o seu nome Abadon, em grego Apólion”.
“Abismo” nos lembra Tártaro, portanto uma interpretação possível de Judas 6 é que essas cadeias eram eternas quanto a sua natureza, mas que elas manteriam esses anjos na “escuridão” até um tempo determinado para o juízo da raça humana. Que Deus reservou alguns anjos para esse fim fica bem claro por Apocalipse 9:14-15: “A qual dizia ao sexto anjo, que tinha a trombeta: Solta os quatro anjos que estão presos junto ao grande rio Eufrates. E foram soltos os quatro anjos, que estavam preparados para a hora, e dia, e mês, e ano, a fim de matarem a terça parte dos homens”.
Por alguma razão esses anjos foram “reservados” para o “grande dia”, talvez pelo seu poder ou pelo seu grau de maldade, para serem mensageiros do juízo de Deus sobre a terra.
Não me admira que o Iraque seja um local tão agitado, com inquilinos como estes...
Shalom!
3 comentários:
Meu irmão, aqui estou eu novamente.
Gostaria de comentar apenas o texto copiado abaixo:
"A qual dizia ao sexto anjo, que tinha a trombeta: Solta os quatro anjos que estão presos junto ao grande rio Eufrates. E foram soltos os quatro anjos, que estavam preparados para a hora, e dia, e mês, e ano, a fim de matarem a terça parte dos homens”.
Um dos primeiros expositores bíblicos que se saiba que identificou aos turcos como o poder descrito na sexta trombeta, foi o reformador suíço Heinrich Bullinger (m. 1575), ainda que Martín Lutero já tinha explicado que esta trombeta simbolizava aos muçulmanos. No entanto, os comentadores diferem muito a respeito da localização cronológica desta trombeta e da quinta, ainda que uma apreciável maioria deles tem atribui do datas para a quinta trombeta, correspondentes com o período durante o qual predominaram os árabes mahometanos, e para a sexta trombeta, durante o apogeu dos turcos selyúcidas ou o dos turcos otomanos.
Em 1832 Guillerme Miller propôs em forma diferente o problema de localizar estas trombetas ao relacioná-las cronologicamente no quinto artigo de uma série publicada no Telegraph de Vermont. Sobre a base do princípio de dia por ano, Miller calculou que os cinco meses da quinta trombeta (Apoc. 9: 5) eram 150 anos literais, e a hora, dia, mês e ano da sexta eram 391 anos e 15 dias. Antes de Miller muitos expositores tinham aceitado esses cálculos, mas não tinham relacionado cronologicamente os dois períodos. Miller expôs a opinião de que o período da sexta trombeta seguia imediatamente ao da quinta, constituindo assim um só lapso de 541 anos e 15 dias. Começou esse lapso em 1298 d. C., data que estabeleceu como o primeiro ataque dos turcos otomanos contra o império bizantino, e assim chegou até 1839. Deste modo, segundo sua opinião, as duas trombetas representavam aos turcos otomanos: a quinta seu surgimento, e a sexta seu período de predomínio.
Em 1838 Josías Litch, um dos colaboradores de Miller no movimento adventista da América do Norte, revisou as datas de Miller, e prolongou a duração da quinta trombeta desde 1299 até 1449, e a sexta, desde 1449 até 1840.
Litch tomou como ponto de partida o 2 7 de julho de 1299, data da batalha de Bafeo, cerco de Nicomedia, a que reconheceu como o primeiro ataque dos turcos otomanos contra o império bizantino. Considerou que 1449 era uma data importante na queda do poder bizantino, porque a fins de 1448 um novo imperador bizantino, Constantino Paleólogo, pediu permissão ao sultão turco Murad II antes de atrever-se a subir ao trono, e não foi coroado senão até o 6 de janeiro de 1449, depois de que se lhe concedeu dita permissão. Litch cria que este período de 150 anos constituiu o tempo durante o qual os turcos otomanos "atormentaram" (vers. 5) ao império bizantino.
Como já se disse, Litch fixou 1299 como o começo da quinta trombeta, para ser mais exatos, o 27 de julho de 1299, data da batalha de Bafeo.
Atribuiu a esta quinta Trombeta um período de 150 anos. Isto o levou até o 27 de julho de 1449 para o começo da sexta trombeta. Somou 391 anos e chegou até o 27 de julho de 1840, e os 15 dias o levaram até o mês de agosto desse ano. Então predisse que nesse mês cairia o poder do império turco; mas ao princípio não fixou um dia preciso de agosto. Pouco tempo antes de que expirasse esse período, declarou que o império turco seria quebrantado o 11 de agosto, exatamente 15 dias depois do 27 de julho de 1840.
Nesse tempo o atendimento de todo mundo se dirigiu aos acontecimentos que sucediam no império turco. Em junho de 1839 Mohamed Alíbajá do Egito e vasalo nominal do sultão, rebelou-se contra seu soberano; derrotou aos turcos e se apoderou de sua marinha. Nesses momentos morreu o sultão Mahmud II, e os ministros de seu sucessor, Abdul Mejid, propuseram um convênio a Mohamed Alí: que receberia o governo hereditário de Egito, e seu filho Ibrahim, o governo de Síria. No entanto, Grã-Bretanha, França, Áustria, Prusia e Rússia, que tinham interesses no Próximo Oriente, intervieram neste momento e insistiram em que não se fizesse nenhum convênio entre os turcos e Mohamed Alí sem seu consentimento. As negociações se postergaram até meiados de 1840, quando Grã-Bretanha, Áustria, Prusia e Rússia assinaram o 15 de julho o tratado de Londres, no qual convinham respaldar com a força os termos sugeridos o ano anterior pelos turcos. Ao redor deste mesmo tempo foi quando Litch anunciou que cria que o poder turco chegaria a seu fim o 11 de agosto. Nesse mesmo dia o emissário turco Rifat Bey chegou a Alexandria com as condições do pacto de Londres. Nesse dia os embaixadores das quatro potências também receberam um comunicado do sultão no qual perguntava que medidas seriam tomadas com respeito a uma circunstância que afetava vitalmente a seu império. Se lhe disse que "se tinham tomado medidas", mas que ele não podia saber quais eram. Litch interpretou que estes acontecimentos constituíam um reconhecimento do governo turco de que tinha desaparecido seu poder como Estado independente.
Estes acontecimentos, que ocorreram no tempo específico da predição de Litch, impressionaram muito aos que estavam interessados no movimento milerita da América do norte. Em verdade, esta predição de Litch influiu muito para confirmar a fé em outros períodos proféticos ainda não cumpridos -particularmente o dos 2.300 dias- que pregavam os mileritas. Portanto, o acontecimento de 1840 foi um fator importante para fomentar a esperança da segunda Vinda de Cristo quatro anos mais tarde.
Mas deve deixar-se em claro que os comentaristas e teólogos em geral têm estado divididos quanto à interpretação da quinta e sexta trombetas.
Isto se deveu principalmente a três classes de problemas:
(1) o significado do simbolismo; (2) o significado do texto grego; (3) os acontecimentos históricos e as datas correspondentes. Mas o examinar devidamente estes problemas nos levaria além dos limites do espaço próprio deste Comentário.
Falando em termos gerais, a interpretação adventista da quinta e sexta trombetas, especialmente no que se refere ao período implicado, é essencialmente a de Litch.
um abraço.
Arides:
Sua contribuição foi muito interessante, embora eu não adote essa interpretação histórica e alegórica do Apocalipse, achei muito interessante mesmo.
So me responda algo, como de uma mesma mae e do mesmo pai, se os seus filhos se unirem podem gerar gigantes? me esplica isso usando a genetica Humana, e por que Deus disse a Adao e Eva para se multiplicarem, e agora esse mesmo Deus manda o diluvio para matar os seres Humanos por terem se multiplicados? Porque no livro de Jo se referem aos Anjos como filhos de Deus? voce disse que nao cre no livro de Enoque, e quem te garante que ele nao faz parte da palavra de Deus? se foi o Imperador Constatino e seus Padres que escolherao os livros que iam fazer parte da Biblia, nao seija preso a ilusoes da Teologia ela te cega e te deixa debil, Busca mais conhecer e entender mais a Palavra de Deus por meio do Espirito Santo, Fica na Paz. Ex-PHD.
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