terça-feira, 26 de julho de 2011

O Tesouro -comédia

           O TESOURO


Resumo: Dois rapazes interioranos muito simples, Chico e Zé, se convertem. Seu pastor está com um problema, precisa levar algumas Bíblia para um missionário num vilarejo próximo e também precisa atender um trabalho na direção oposto, como se não bastasse isso, seu carro quebrou. Os dois rapazes se oferecem para levar as Bíblias, que eles passam a chamar de “tesouro”. Nesse meio tempo um fugitivo da polícia toma o mesmo caminho e ouve os rapazes falando do “tesouro”. Ele imagina tratar-se de alguma coisa de valor terreno. Na tentativa de pegar o tesouro os três protagonizam algumas cenas engraçadas. Existe também um anjo enviado por Deus para proteger os dois rapazes simples. Essa peça usa a comédia como veículo para ensinar a realidade espiritual do cuidado de Deus pelos seus, de que existe algo cujo valor supera qualquer coisa terrena, e de que a ocupação no trabalho depende de vontade, mais do que sabedoria ou mesmo capacidade.

Personagens:

Pastor Rodrigues;
Dois crentes simples Chico e Zé;
Janjão, o bandido;
Anjos Shalom e Capitão;
Policiais 1 e 2;
Missionário Pedro Hipólito.

                                                        Cena 1

(O anjo Shalom  entra e apresenta-se ao seu Capitão)

Shalom - Mandaste chamar-me meu Capitão ?
Capitão - Sim Shalom, recebi dos altos escalões uma importante missão e preciso de alguém para cumpri-la.
Shalom - Estou a sua disposição meu comandante!
Capitão - Desde tempos remotos você tem sido fiel  ao Senhor, tenho certeza que cumprirá, bem, mais esta missão para o mestre!
Shalom - E qual é a  missão, meu comandante?
Capitão - Há dois novos santos na terra, no país que chamam Brasil. Estes santos receberão uma missão muito importante para o reino de Deus e você deverá protegê-los e auxilia-los na jornada que empreenderão. Mas devo avisá-lo de que são homens simples, um pouco atrapalhados até, e ainda tão jovens na fé que exigirão de você um grande esforço, mas vai e tem bom ânimo!
Shalom - (levantando a espada) Pelo Altíssimo!
Capitão - Pelo Altíssimo!


                                                    Cena 2


(Pastor Rodrigues preocupado anda de um lado para o outro, entram Zé e Chico)
Zé e Chico - A paiz du Sinhô, pastor!

Pastor - A paz do Senhor, irmãos, a que devo essa feliz visita?

Chico - Ara pastor! O sinhô num deve nada não, a visita é di graça!

Pastor - Não, não é isso que eu quis dizer...é... bem, deixa pra lá.
Zé - O sinhô pareci priucupado, argum pobrema pastor ?
Pastor - Não irmãos, nada sério...bem...o Senhor o sabe.
Chico - Mais si abri pastor, agora nóis tudo é irmão!
Pastor - Você tem razão Chico, nós somos irmãos. O meu problema é que eu tenho que levar algumas bíblias para o missionário Pedro Hipólito que trabalha no vilarejo de Cassiano. Eles estão precisando muito das bíblias, pois há muitos novos convertidos por lá. Entretanto, meu carro quebrou e, além disso, eu tenho que atender um trabalho em Rocha Seca que fica a 35 km daqui, na direção oposta a Cassiano.
(Chico e Zé se olham)
Zé - O qui cê acha Chico?
Chico - Acho qui dá Zé .
Zé - Pastor, num tem pobrema, noís leva as bibra pru sinhô!
Pastor - Mas são 45 Km de estrada ruim.
Chico - Nóis cunhece um ataio pela mata.
Pastor – A mata é perigosa e vocês teriam que passar a noite lá.
Zé - Qui qui tem pastor, nóis num tem medo não, nóis fumo criado aqui i nóis cunhece a mata cumo a parma di nossa mão!
Chico- Além du mais u anjo du sinhô nus prutege di todu pirigo.
Pastor- Se vocês acham que podem...
- Craro qui podemo, nóis sai hoje memo.
Chico- vamô si aprepara Zé ?
Zé- Vamo!
(Zé sai pela esquerda, Chico pela direita, dão um passo)
Chico e Zé - A saída é pra lá! (apontando para trás de si, voltam-se e se batem)
- Cuidado aí !
Chico - Cuidado ocê!
Pastor - Irmãos!
Chico-(Empurrando o Zé) Paiz du Sinhô pastor, vamô Zé, vamô!


                                                    Cena 3

(Janjão entra correndo, olha para trás, para um lado e outro e esconde-se, dois policiais entram e procuram por ele)

Policial 1- Ele deve ter entrado no mato!

Policial 2- Mas para onde ele vai?
Policial 1- Estamos a meio caminho entre Rio das Pedras e Cassiano.
Policial 2- Mas pra qual ele vai?
Policial 1- No mato é que ele não fica, o Janjão é criminoso por natureza, ele não consegue ficar sem cometer um crime. Meu palpite é Rio das Pedras, o Vilarejo de Cassiano é muito pequeno, não tem nada lá que tenha interesse para o Janjão.
Policial 2- Então vamos pedir reforços e vasculhar toda a região, daqui até Rio das Pedras.
Policial 1- Façamos isso então.
(Os policiais saem de cena, Janjão sai do esconderijo)
Janjão - Então é pra Cassiano que eu vou!


                                                   Cena 4



 (Janjão anda pela floresta, olha de um lado para outro, preocupado)
Janjão - Mas pra que lado é que fica esse vilarejo afinal?
(Ouve um barulho, esconde-se, Chico e Zé entram cantando, Shalom os acompanha).
Chico e Zé - Oh quão cego andei i pirdido vaguei...
Shalom - Aqui é um bom lugar para pernoitar.
Zé - Aqui é um bão locar pra pernoitá.
Shalom - Ficaremos aqui!
Chico - Fiquemo aqui!
Shalom - Façam uma fogueira!
Zé - Vamu acendê um fogo!
(Descarregam as coisas que traziam, um violão, a caixa com as bíblias e uma trouxa com cobertores, colocam a caixa no meio deles.)

Zé - Temo que cuidá bem desse tezoro.

Chico - Nóis num pode tira os zóio do tezoro!

(Quando falam em tesouro, Janjão levanta a cabeça, arregala os olhos e deixa escapar:)
Janjão- Tesouro?!
(Os dois caipiras olham para o mato, mas ele se esconde antes que o vejam).
Chico - Qui foi isso?
Zé - Sei lá, pareci qui tem eco aqui.
(Shalom vai até Janjão, levanta a espada para golpea-lo)
Voz do céu - Ainda não! (só o anjo ouve)
(Shalom faz sinal afirmativo e guarda a espada)
Zé - Vamu catá lenha Chico?
Chico- I o tezoro?
Zé - Nóis si reveza na vigia.
(Zé traz o “tesouro” para perto de si, quando vira as costas Janjão sai do mato para pega-lo, Chico se vira, Janjão se esconde. Chico pega a caixa e traz para perto de si e continua catando gravetos. Janjão tenta sair do mato, mas Zé nota que Chico pegou a caixa, Janjão se esconde de novo)
Zé - Ô Chico qué mi assusta é?
Chico - Ara, pur caso di que, heim?
Zé - O tezoro tava aqui i agora tá ai ó!
Chico - O cê foi qui disse pra nóis si revezá na guarda dele, ara!
Zé - Tá bão, intão vamo dexá ele bem aqui nu meio di nóis.
(Coloca a caixa entre os dois e eles voltam a catar lenha, Janjão sai do mato e...)
Chico - Ah, Zé...
(Janjão se esconde)
Zé - Qui qui é?
Chico - Nada, nada não.
(Zé volta a pegar gravetos, os dois vão olhando para o chão até que fazem a volta e batem as cabeças)



                                                   Cena 5



(Chico e zé, sentados, cantam e tocam violão)

“Numa di nossas igreja lá di Minas Gerais, o Bento si aconverteu i ele fico alegri dimais, só qui ele era da roça, num cunhecia dortrina, quando u fogo caia, o Bento gritava...” (Um barulho no mato, colocam-se em pé).

Zé - Qui baruio e esse?! O cê iscuito Chico?
Chico - Iscuitei u que?
Zé - Esse baruio.

Chico - Ah, aquele baruio?

Zé - É!
Chico - Não, não iscuitei não.
Zé - Ara, intão di que baruio ocê ta falando ?
Chico - Desse baruio! (um barulho estranho e os dois se abraçam e logo se soltam)
Zé - Acho qui é onça. (Chico abraça Zé de novo)
- Qui é isso, tá cum medo? (Chico solta).
Chico - Eu medo? Eu não,  eu só tava protegendo oçê, ara!

Zé - Vamu vê o qui é.

Chico-  Vai ocê na frente!
Zé - Cê tá cum medo Chico?
Chico- Eu não, é qui... é qui... é qui...
Zé - Vamu os dois intão.
(Vão passo a passo por um lado, Janjão sai do outro lado para pegar a caixa , novamente o barulho, eles gritam, Janjão se esconde)
Zé - Vai ocê na frente Chico!

Chico - Pur que eu?

Zé - Ara, num seja gnoranti, cê num sabe qui onça tá in istinção?
Chico - Qui qui tem isso a vê?
Zé - É qui eu sô da famia dos Matias, qui foro os maior caçadô di onça qui inzistiu aqui na região, i as onça cunhece a nossa fama, e vai qui a onça mi vê, tem um ataqui cardico i morre...
(Nesse momento ouve-se o barulho novamente, Zé e Chico se abraçam. Shalom vai até o local, olha para o mato e chacoalha a cabeça, sai um gato do mato)
Zé - Ara, é só um gato sô! Vamu drumi qui aqui num tem onça não!
(Os dois caipiras se deitam, colocam a caixa entre eles. Janjão sai do mato e vai na ponta dos pés até eles. Zé se mexe na “cama”, joga o braço para o lado, Janjão tropeça e cai, olha preocupado, mas o sono dos caipiras é pesado. Shalom observa tudo. Janjão passa por cima dos caipiras e fica entre os dois, cada um deles abraça uma de suas pernas, levanta uma perna um solta, quando abaixa para levantar a outra agarra de novo, nesse momento eles são acordados por Shalom. Olham assustados para o ladrão, ele aponta o revolver  para eles.)
Janjão -  Eu quero o tesouro!
(Eles levantam, Zé pega a caixa e vai para o outro lado da cena, Janjão vai atrás dele, mas Shalom faz com que ele tropece e caia. Janjão levanta, Zé joga a caixa para Chico, Janjão tenta pegá-lo. Chico corre por traz de Janjão e se junta a Zé, Janjão vai na direção deles e dá um tiro, Shalom desvia o, tiro com a espada, Janjão fica assustado, olha para o revolver)
Zé - Mais pruque ocê que as bibra?
Janjão - Bíblia?!
(Shalom atravessa Janjão com a espada e ele fica paralisado, chegam os policiais)
Policial 1 - Chegamos bem a tempo!

Policial 2 - O que houve com ele?

- Ficô assim quando eu falei das bibra...
Policial 1- Talvez ele seja religioso...
Chico - Não, isso é o que o bibra diz: “O anjo do Sinhô se acampa ao ridó dus qui o temi i os livra”.
Policial 2- Bem, de fato vocês têm muita sorte, esse aqui é o Janjão, bandido muito perigoso!
Policial 1- Foi um palpite que eu tive, de que ele estivesse por aqui.
(Os policiais começam a sair levando Janjão).
Zé - Ispera um pouco, toma uma bibra procê! (Dá a Bíblia para Janjão)


                                                   Cena 6



(Zé e Chico entregam as Bíblias para Pedro Hipolito)
Pedro - Graças a Deus por elas terem chegado, agradeço muito a Deus por vocês terem vindo, passaram muitas dificuldades na mata, não?
Chico - O anjo do Sinhô nus guardô.
Pedro - Mas entrem, vocês devem estar cansados.
(Eles entram, Shalom fica, olha para a platéia e sai).

                                                    

FIM

 

Autor: Isaías Gonçalves de Oliveira

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